“Rio 40 graus, cidade maravilha..
- Giulian Ola
- 11 de set. de 2015
- 3 min de leitura
... purgatório da beleza e do caus...”
40 graus? Sol?
Não!
Chuva, chuva, chuva
Chuva!
Essa música não se encaixou durante uma semana da minha estadia no Rio de Janeiro, só houve chuva, frio e mais chuva. Me desculpe Fernanda Abreu, mas o clima estava mais para “chove chuva, chove sem parar” de Jorge Ben.
Então não ia ver Copacabana princesinha do mar? Ou me sentir a garota de Ipanema indo a caminho do mar?
Foi quase isso.
O Rio de Janeiro veio cercado de experiências para mim, cheguei numa cidade que não conhecia ninguém, fiquei num hostel pela primeira vez e sem a presença ilustríssima do sol. Primeiro pensamento dessa viagem: vai ser um desastre.
A noite lia um livro sobre Pablo Picasso, e acabei adormecendo na esperança de que o outro dia seria melhor. E foi.
Conhecer pessoas talvez seja a melhor coisa que você leva da sua viagem.
Na sala do hostel, observava pessoas chegando outras saindo, uma movimentação intensa, mas quando tudo se aquietou comecei a ouvir.
Ouvi a história de um colombiano que contou como chegou ao Brasil e estendeu sua estadia por mais alguns meses, conhece mais lugares do Brasil que eu. Ele tem o sonho de fazer um mochilão pelo mundo e uns dias depois ia voltar para seu país.
Ele me deu também uma frase para guardar e eu guardei “ O amor es pera e não es maçã”.
Ouvi a história de um estudante de estatística tipicamente carioca e apaixonado pelo seu lugar, que resolveu morar no hostel porque seus pais foram embora e ele queria ficar. Ele tem o sonho de ter sua casa e ser feliz.
Ouvi a história de um musico que abandonou São Paulo, porque viu oportunidade melhor no Rio, queria se aprofundar mais. Tocava violino e bandolim lindamente, alegrava as noites do hostel. Ele tem o sonho de viver de música.
Ouvi a história de uma fotógrafa que trabalhava no bar do hostel para se sustentar junto com alguns trabalhos que fazia com fotografia. Ela tinha o sonho de viver de fotografando.
Conheci histórias de futuros jornalistas, publicitários, fotógrafos, escritores, que quererem alcançar seus sonhos.
Assim fui me preenchendo de histórias e vi que todos têm sonhos e que um dia vão se realizar.
Conversei sobre filosofias de vida, livros, filmes, viagens, sonhos, futuros, desilusões, amores, dinheiro, trabalho, tudo que se pode ter numa boa conversa.
Mas minha viagem não ia ser só dentro do hostel, era hora de conhecer a cidade.
Andar a pé pelo Rio é uma grande aventura, mas você consegue enxergar melhor a cidade, sua arquitetura, seu movimento, seu contraste.
Na rua o trânsito, a buzina dos carros, o apito do guarda, as construções dos prédios, a britadeira no asfalto, as pessoas correndo para ir pro trabalho.
E depois disso você se depara com o Museu de Arte do Rio (MAR), então você entra, observa e sente o silencio, as obras. São três andares de pura arte e o encantamento das pessoas que observavam o quadro de Tarsila do Amaral, os poemas e Clarisse Lispector, as fotografias de Kurt Klagsbrunn, as gravuras de Rossini Perez e conhecer a história do século XVIII.
Os dias se passaram e continuou chovendo, mas ir para cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, coração do meu Brasil, sem ir ao maracanã, nas praias ou visitar o pão de açúcar é a mesma coisa que não ir.
O Pão de açúcar, com aquela vista serve para se conectar com a natureza, com o vento e enxergar toda beleza daquela cidade. No Jardim Botânico, dava vontade de sentar e só sentir, nas praias dava para entender a inspiração de Tom e Vinicius, são belas. No Maracanã, mesmo vazio você consegue ouvir os gritos das torcidas fanáticas pelo seu time.
Rio de Janeiro é sim a terra que todos seduz. O que se leva de uma viagem é mais que um suvenir achado numa lojinha qualquer, mais que um registro fotográfico. O que se leva são uma coleção de histórias, de gírias, costume, movimento, memórias, pessoas, lugares, intervenções.
